sexta-feira, 22 de maio de 2009

"Menina Júlia", Teatro na Cozinha

Eu gosto muito de teatro e de cenografia.
E se há actriz cujas peças tento sempre não perder é a Beatriz Batarda.
Para quem não sabe, e para que o preço não sirva de desculpa, nos teatros públicos os bilhetes à quinta-feira têm sempre uma redução de 50%.
Por 5 euros podemos assistir a este espectáculo. E ainda entrar numa cozinha aristocrata! :)


Foto de Margarida Dias

A história desta “Menina Júlia” tem apenas um cenário: a cozinha.
E aqui nada é estável: as emoções são contraditórias, o poder muda de mão em mão, e o confronto de classes sociais e jogos de sedução misturam-se num cozinhado para o qual não há receita certa.
August Strindberg escreveu esta peça em 1888, ainda na sua fase naturalista, e assim é o cenário que idealiza e que o pintor Manuel Amado materializou para esta encenação do D.Maria.
A menina Júlia, interpretada por Beatriz Betarda, não acompanha o conde, seu pai, a uma visita social, ficando na sua propriedade a festejar a noite de S.João com os empregados. Na cozinha da casa, envolve-se num jogo de sedução com João (Albano Jerónimo), namorado de Cristina (Isabel Abreu), a cozinheira.
Nesta noite longa, o começo do que seria o fim dá-se quando a menina e o lacaio partilham uma cerveja na mesa da cozinha. Um fogão a lenha, tachos, armários, jarros com flores, uma caixa de gelo, a pia e a omnipresente mesa de madeira onde se sentam tantas contradições.
E aí vão partilhando as suas inseguranças e certezas numa montanha russa de fragilidades mascaradas – a ambiguidade destes personagens é fascinante, assim como a actualidade da sua história.
“Menina Júlia” apresenta uma enorme frescura e contemporaneidade nos diálogos, que depois se impõem num ritmo certeiro construindo a acção de forma desenvolta e estimulante.

Quem nunca viu Beatriz Batarda num palco, não pode deixar de fazê-lo: uma actriz iluminada. Que se supera sempre.


A foto possível do cenário, tirada do telemóvel… :(

Em cena no Teatro Nacional D.Maria II até 24 de Maio, na Sala Garrett

Título: Menina Júlia
Autor: August Strindberg
Encenação: Rui Mendes
Elenco: Beatriz Batarda, Albano Jerónimo e Isabel Abreu
Tradução: Augusto Sobral
Cenografia: Manuel Amado e Ana Paula Rocha


Para mais informações, clique aqui.

10 comentários:

  1. Oh! Que pena, fui ao site e termina a 24 de Maio, afinal. De qualquer modo já não há bilhetes. Obrigada na mesma!

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  2. Suzi, enganei-me na data a que termina, já rectifiquei... :(

    Que pena que os bilhetes já esgotaram.
    Eu fui ontem e já tinha os bilhetes comprados há 2 semanas, senão tb não havia...
    A peça foi mesmo muito boa!

    Beijhnos. :)

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  3. Gasparzinha, amo teatro. Assim como amo cinema alternativo.

    Mas teatro é daquelas paixões de sempre, desde os tempos de escola em que fiz teatro na Companhia de Carnide.

    Mas a vida anda a afastar-me das plateias. Há uns anos atrás não havia 1 única quinta-feira que eu não fosse ao teatro. Todas as semanas lá estáva eu em Lisboa, ou no Trindade, ou no D.Maria, S.Luis, Chiado, Teatro Aberto, conheço-os a todos e sinto saudades de todos :-((

    Julgo que a minha criatividade surgiu desses tempos mais culturais.

    É bom ver artigos sobre teatro nos blogs, é importante divulgar o bom teatro que se faz em Portugal. Obrigada pela informação. Beijoka.

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  4. Rute, tem graça que quando lá estava lembrei-me de ti... :)
    Sem nos conhecermos e já tão conhecidas!
    :)

    Tb adoro Teatro!
    Não compreendo como é possivel as pessoas não terem o hábito de ir.
    Quando as peças são boas (sim, porque tb as há bem desinteressantes) saímos de lá com a alma lavada. E por tão pouco...
    A troca com os actores é uma coisa fantástica, o cenário, as luzes, a expectativa...
    Enfim, sou uma apaixonada!

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  5. Eu considero o teatro muito parecido ao cinema. No fundo é a representação do real. Mas o teatro é algo mais vivo, aquela proximidade com o palco faz-nos viver a historia de outra maneira.

    E não são tão intemporais as peças antigas. É incrivel como tudo de repete de geração em geração apesar da evolução da especie humana. As peças de Brecht então... são super reflexivas.

    Julgo que já deves ter lido a minha etiqueta TEATRO mas gostava que lesses este artigo: NOMES QUE O TEATRO TEM (http://publicarparapartilhar.blogspot.com/2007/12/nomes-que-o-teatro-tem.html)

    Escrevi-o depois de um livro que li sobre teatro. Ao que aprendi no livro juntei alguma pesquisa e umas fotos minhas artisticas que andei em Lisboa a tirar à noite (junto ao campo pequeno, e no Chiado também).

    Até mais.

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  6. Rute, esse post não conhecia.
    Aproveitei e li a etiqueta toda!
    :)

    Beijinhos e obrigada por teres mandado o link. :)

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  7. Parabéns o Blog está imparável!
    Gostei de tudo!
    carmelina reis (c.lina)

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  8. Carmelina, nunca pensei que este fosse o teu nome!!
    Que engraçado. :) É nome de personagem de romance.

    Fico tão contente que passes por aqui e que gostes!
    Beijnhos. :) :)

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  9. Olá Gasparzinha. Sabes que a B.Batarda vais estreiar na Cornucópia dia 26 de Setembro?

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  10. Obrigada pela dica.
    Vou tentar ir, tb gosto muito das encenações do Luís Miguel Cintra e sendo um texto de Goethe, cheira muito bem! :)

    Beijinhos.

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